Estephânia de Carvalho, um exemplo de Mulher - Recicla Leitores
O mês de março é aquele em que se celebra o dia Internacional da Mulher. A verdade é que o dia 8 é apenas um marco. As mulheres são tão especiais que dedicamos todos os dias do mês para elas. Dedicadas, amorosas, carinhosas, companheiras, sensíveis e de sexo frágil.
Frágil? Esse é um adjetivo que não combina com as mulheres.
Para começar, o próprio dia 8 de março tornou-se símbolo em homenagem às trabalhadoras da fábrica têxtil Cotton, em Nova York. No ano de 1857, elas entraram em greve contra a jornada de 16 horas de trabalho somadas aos salários de fome. Ocuparam a fábrica e, sem a menor piedade, o patrão prendeu-as, fechou todas as portas de saídas e incendiou todo o galpão. As 129 mulheres de sexo nada frágil morreram queimadas nessa luta. E é em homenagem a essas mulheres que celebramos a data.
Do início à formação como professora
Por aqui, não faltam exemplos de mulheres guerreiras. Uma delas é Maria Estephânia Mello de Carvalho. Um exemplo de mulher forte e determinada, que lutou incansavelmente pela educação gonçalense.
Estephânia nasceu em Cantagalo, no dia 7 de junho de 1885. Para nossa sorte, adotou São Gonçalo. Aqui deu o seu suor para educação e, consequentemente, para o crescimento da cidade. A educação é a base para o desenvolvimento.
Aluna brilhante no Colégio Sion, em Petrópolis, cursou ciências, letras, línguas e música. Também cursou o Colégio Pedro II e fez vestibular para medicina.
Aos 35 anos de idade, ao casar-se com Sr. Zeno Bellido de Carvalho, abandonou o magistério e passou a morar em Niterói.
Mas um fato triste lhe fez voltar a se dedicar ao ensino: a morte da sua única filha aos dois anos de idade. Da tristeza, nasceu a perseverança. Fundou em sua própria residência um curso primário. Mais tarde, tornou-se diretora do Curso Feminino do Colégio Brasil de Niterói e, logo depois, fundou o Colégio Carvalho.
Maria Estephânia de Carvalho e sua missão com a educação
Já com 56 anos, Estephânia de Carvalho chegou à São Gonçalo. Em 1941, foi convidada pelo então prefeito, Nelson Corrêa Monteiro, para participar de uma concorrência pública para montagem de um colégio secundário. O local seria no lugar de um casarão na rua Coronel Moreira Cezar, que a prefeitura acabará de adquirir para essa finalidade.
Passou seu Colégio Carvalho, em Niterói, para o Dr. Plínio Leite. Em 10 de novembro de 1941, inaugura o Colégio São Gonçalo, contrariando muitos que não acreditavam em um curso secundário na cidade. Não só provou que era possível, como fez melhor: inaugurou a primeira Escola Normal de São Gonçalo e o Curso Técnico de Contabilidade.
Participou ativamente na cidade. Como na Campanha de Manutenção e Auxílio às Famílias dos Combatentes da Segunda Guerra Mundial.
Foi uma das principais responsáveis pela campanha pró-busto do Dr. Luiz Palmier, e também por um dos maiores marcos históricos da cidade, o Cruzeiro da Coruja. O marco foi inspirado e construído por essa grande mulher com a ajuda de seus alunos.
A professora também idealizou a comemoração do dia do município com o desfile cívico. Anos depois foi incorporado pelas autoridades municipais, tornando-se tradicional na cidade.
A generosidade tornou Estephânia de Carvalho uma mulher admirável. Tinha um coração imenso. Muitas mães devem à ela a felicidade de uma bolsa de estudo e um curso concluído. Era uma verdadeira mãezona, e não deixava ninguém sem estudar, até mesmo os mais pobres. Assim, ficou conhecida como “A mãe do estudante pobre gonçalense”.
As homenagens: do colégio à praça
Quis o destino que fosse em 2 de março de 1958 o dia de sua partida dessa vida. Justamente no mês de comemoração internacional da mulher.
Depois de tudo o que fez pela educação de São Gonçalo, o reconhecimento de seu trabalho lhe rendeu muitas homenagens. Uma delas é batizar o Colégio Municipal Estephânia de Carvalho, no Laranjal. A instituição atendia uma média de 3.500 alunos cursando o primeiro e segundo graus.
Outra importante homenagem foi dar seu nome à principal praça do município. Antes chamada de “Praça Cinco de Julho” e popularmente conhecida como Praça do Zé Garoto, o espaço tem o nome de Praça Estephânia de Carvalho. Em respeito à sua memória, ergueu-se um monumento com seu busto.
Finalizo lembrando à todas as mulheres o exemplo da professora Estephânia de Carvalho. Forte, determinada e repleta de amor e ternura para com o próximo.
PARABÉNS MULHER! EXEMPLO DE GARRA, FÉ E AMOR!
Publicação original no Sim, São Gonçalo em 16 de março de 2014.