Literatura e Futebol - Club Athletico Paranaense - Recicla Leitores

publicado em:5/04/19 3:42 AM por: Alex Woelbert Alex WölbertLiteratura e Futebol

Estamos próximos da abertura do brasileirão 2019 e gostaria de saber se você é como a maioria dos brasileiros, apaixonado por futebol, ou é daqueles que não está nem aí para time nenhum. É daqueles que quando te perguntam qual o seu time você mais que depressa responde:  “-Sou Brasil”.

Independentemente de você ser ou não um apaixonado, vou te provar através de várias publicações, cada uma relacionada à um time da série A que disputará o brasileiro desse ano, que futebol combina sim com literatura. E hoje é dia de falar do Furacão, o rubro-negro paranaense, o querido Clube Athletico Paranaense.

O Clube Athletico Paranaense nasceu na cidade Curitiba em 26 de março de 1924 com a fusão do International Foot-Ball Club e do América Futebol Clube. E o primeiro jogo já aconteceu em 6 de abril do mesmo ano com vitória sobre o Universal FC por 4 a 2.

O apelido carinhoso de furacão surgiu na década de 40 quando o extinto jornal Desportos Ilustrados escreveu na sua manchete de 20 de maio de 1949, “O Furacão Levou o  Tigre de Roldão”. A manchete destacava a vitória do Athletico sobre o Britânia, e a partir dali todos os jornais só falavam no furacão paranaense. Foram 11 goleadas seguidas naquele ano. Furacão tão aceito pelo clube que foi incluído no hino do clube.

A mascote do time, a caveira, surgiu em 2001 com a proibição de bandeira com varas de bamboo nos estádios.

Bom, falamos um pouquinho do clube, mas o que faz ele combinar com a literatura?

A literatura é a arte da palavra, é a arte de criar textos. E muitos desses gênios que se destacam na literatura são apaixonados por futebol e pelo seu clube de coração. E no caso no furacão um desses apaixonados foi o escritor, poeta, crítico literário Paulo Leminski.

Leminski foi um dos poetas mais importantes da história recente da literatura brasileira. Um dos principais nomes do movimento sociocultural chamado Poesia Marginal ou Geração Mimeógrafo. O termo marginal foi definido pelo próprio escritor em um de seus poemas:

“Marginal é quem escreve à margem,
deixando branca a página
para que a paisagem passe
e deixe tudo claro à sua passagem.
Marginal, escrever na entrelinha,
sem nunca saber direito
quem veio primeiro,
o ovo ou a galinha”.

Também se destacou na música e contribuiu muito para MPB com parceiros como Caetano Veloso, Arnaldo Antunes e Moraes Moreira.

Agora vamos falar de futebol. No ramo futebolístico, Paulo Leminski sempre se declarou rubro-negro. Embora não demonstrasse um fanatismo, um amigo cartunista Luiz Antônio Solda contou que sempre que o Atlético perdia Leminski chegava a agencia onde trabalhavam desanimado.

Ele era sim, atleticano, mas não deixou de reconhecer a merecida conquista do arquirrival Coritiba sobre o Bangu no brasileiro de 1985. E muitos torcedores atleticanos o condenaram por esse poema.

“Hoje, quinta-feira, 1 de agosto, em Curitiba, o céu amanheceu branco e verde. Os passarinhos só diziam: Lela,Lela, Rafael,Rafael. E no ar pairava um forte cheiro de pólvora de foguete e pó-de-arroz. Nada mais me restava a não ser filosofar: ‘Não se pode ganhar sempre’.

E, guiado por meu atrapalhado coração atleticano, fui até o mastro no meu jardim onde tremula o pavilhão rubro-negro e fiz descer a bandeira de meus sonhos. E foi com um misto de pesar e jubilo que pus em seu lugar e hasteei as campeoníssimas cores do nosso arquiadversário, hoje, aqui e agora, para sempre Campeão Brasileiro de 1985.

Um demônio (ou um anjo?) vestido de preto e vermelho (um Exu?) me sussurrava, brabo com o Tobi na grande area do Bangu: ‘Teu time é tua pátria, traidor. Vendeste a alma por um escanteio, Vira-Casaca.’

(…)

Obrigado Coritiba, por essa alegria. Você esteve à altura do teu destino.”

Um outro torcedor, esse muito mais fanático pelo furacão foi o escritor curitibano Valério Hoerner Júnior. Foi membro da Academia Paranaense de Letras e autor de 37 livros. História, foi o gênero que Valério gostava mais de escrever, então não pode deixar de contribuir para escrever a história do seu clube do coração. Coautor do livro Clube Atlético Paranaense – Uma Paixão Eterna. Com 366 páginas e 365 fotos ilustrativas, a obra servirá como fonte de consulta para futuros apaixonados atleticanos.  

Bem amigos, quem vai continuar dizendo que futebol e literatura são duas coisas que não se misturam? Estão tão misturadas como nosso tradicional arroz e feijão. E essa mistura perdurará enquanto houver corações literários apaixonados por futebol e vise versa.

“Desde 77, ninguém segura a gente
Chama a bateria pra tocar o sai da frente
Sai, sai da frente
Sai que a Caveira é chapa quente
Sai, sai da frente
Sai que a Caveira é chapa quente”

Hino do Club Athletico Paranaense

(Refrão)

Atlético! Atlético!
Conhecemos teu valor,

E a camisa Rubro Negra,
só se veste por amor.

E a camisa Rubro Negra,
só se veste por amor

Vamos marchar, sempre cantando,
o hino do furacão, e no peito ostentando,
a faixa de campeão.

(Refrão)

O coração atleticano,
estará sempre voltado,
Para os feitos do presente,
e as glórias do passado.

(Refrão)

À tradição vigor sem jaça,
nos legou o sangue forte,
Rubro Negro é quem tem raça,
e não teme a própria morte.



A última modificação foi feita em:maio 24th, 2024 as 4:21 pm


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Nascido lá do outro lado da poça no bairro da Penha. Criança começou a se interessar por tecnologia e quando não dava curto na casa dos pais, ajudava a vizinhança e familiares consertando um rádio aqui uma TV ali. casou-se com a guerreira niteroiense Aline Lucas e mudou-se de mala e cuia para São Gonçalo com a sua filha Victoria. Apaixonado por história, ação social e principalmente pela cidade de São Gonçalo, começou a escrever crônicas para diversas mídias. Hoje divide seu tempo entre Tecnologia da Informação e o Projeto Recicla Leitores (www.reciclaleitores.com.br), um projeto de incentivo a leitura que toca junto com a sua família. Alex Wölbert também fez parte do grupo de colunistas que escreveram sobre Patrimônio Leste Fluminense para o Jornal Extra - Mais São Gonçalo