Heitor - Rei da Grande área, Terror dos corinthianos - Recicla Leitores
Meu nome é Heitor Mendes Alcazar, sou um pequeno empresário, formado em engenharia civil. Lidero uma pequena construtora, e meu braço direito é o Nelson Borges, carinhosamente conhecido como Nelsão. Meu sonho era ser jogador de futebol, e por muito pouco não cheguei lá. Nelsão também queria ser jogador de futebol, porém, assim como eu, ficou pelo caminho. Tive uma carreira curtíssima, atuei praticamente em uma única grande partida como profissional , contudo, foi o necessário para os torcedores do Corinthians sentirem um frio na medula quando se recordam daquela tarde no Pacaembu. Nelsão também atuou naquela partida, com a camisa adversária. É essa história que contarei.
Era o ano de 1995, fim do mês de janeiro, eu acabara de completar dezessete anos de idade, e minha paixão era o futebol. Um ano treinando nas equipes de base da Ferroviária, em Araraquara. Numa sexta-feira de calor intenso, o treino foi puxado, e se estendeu até o anoitecer. Do lado de fora dos muros altos do estádio, o deus do absurdo movia freneticamente as engrenagens do desconhecido, moldando, aleatoriamente, as incompreensíveis vicissitudes da vida dos seres humanos.
Quando, por fim, atravessei o portão de saída da Fonte Luminosa, mastigando uma banana para amenizar as cãibras nas panturrilhas, rumo ao distante ponto de ônibus no começo da avenida 36, avistei o Lucão encostado em seu Lamborghini preto. Suas grossas e brilhantes correntes de ouro no pescoço se destacavam com o feixe da luz do poste. Usava um boné vermelho, de aba preta, de estilo MC. Ele era um famoso olheiro dos times grandes da capital. Só o conhecia de vista, mas naquela noite ele falou comigo. Aguardava a minha saída, e eu nem imaginava tudo o que aconteceria a partir do momento que entrei no seu carro.
Chamavam-no de “olhos de águia”. Se algum jovem atleta despertava a sua atenção, o sucesso era dado como certo. Através de sua afinada observação, muitas estrelas do futebol foram descobertas. “Oi, Heitor. Não precisa pegar o busão. Levo você para Vento Sueste. Tenho uma novidade. Tô de olho em você faz tempo. A sorte grande bateu na sua porta.”
O charme do Lucão, sua sofisticação e a sua riqueza, seduziram-me sem qualquer dificuldade. Encheu-me de elogios e profetizou a minha glória nos campos mundo afora. “Um dia Madrid, Barcelona, Londres, Berlim ou Milão se ajoelhará aos seus pés.” Dizia-me deleites que avolumam o ego dos ingênuos atletas sonhadores.
Dois dias depois, com o Pacaembu lotado, jogando no sub-20 do Palmeiras, com a camisa número 39, na posição de centroavante, eu deixei o campo carregado de maca, aos trinta e oito minutos do segundo tempo. Fui gravemente ferido. Enquanto me carregavam para fora do campo, e eu chorava de dor, ouvi o canto uníssono das torcidas rivais: “Heitor, rei da grande área! Heitor, rei da grande área!” Como atuei naquela partida, e os desdobramentos da minha contusão, é o que pretendo relatar nos mínimos detalhes.
No sábado de manhã, viajei com Lucão para São Paulo, com autorização expressa e documentada da minha mãe. Levou-me direto ao centro de treinamento do Palmeiras, na Barra Funda. O diretor de futebol do Clube, Hermeto Caravaggio, nos recebeu com entusiasmo. “Esse é o menino arrogante que come a bola lá na Ferroviária? Vamos lapidar você, rapazinho. Como está o preparo físico desse moleque, Lucão?” O olheiro abraçou o cartola alviverde, me apresentou e respondeu. “O moleque treina todo dia, debaixo do sol implacável de Araraquara, a conhecida Morada do Sol. Jogar na capital pra ele é fichinha.”
Hermeto me mediu com os olhos, de baixo para cima, e dos lados. “Um metro e oitenta e cinco, canela grossa. Deve pegar um bom impulso para cabecear. Lembra muito o porte físico do César Maluco. Já ouviu falar do César Maluco, menino?” Eu conhecia o jogador pelos jogos antigos reprisados na TV Cultura. “César Maluco era centroavante igual a mim. Foi goleador, mas não tinha a mesma habilidade que eu tenho.” Hermeto soltou uma estrondosa gargalhada.
“Não deixe o Cesão saber disso. Você realmente é arrogantinho. Oh, Lucão. Amanhã tem Palmeiras e Corinthians, sub-20, no Pacaembu. Casa cheia. Mesmo sem ver o moleque jogar, fiz constar ele na lista dos jogadores aptos a atuarem na partida. Nosso ataque anda fracassando. De repente, meu jovem, você terá a sua chance amanhã. Esteja pronto. Foque em Deus. Até mais.”
O cartola nos deixou. Lucão tirou a carteira do bolso, contou cinco notas de cem e me deu. “Para você se alimentar e comprar algumas coisas, se vira. Está pronto para jogar justo contra a equipe do Corinthians? Vem liderando o campeonato com folga, o forte deles é a defesa. Os zagueiros são casca grossa.” Eu já me via naquela partida. Meu falecido pai ia me assistir lá do céu. Eu daria o melhor de mim, caso eu fosse escalado para o jogo. “Lucão, agradeço por tudo. É um momento incrível, não tenho palavras. Sim, estou preparado para jogar.” Lucão acelerou sua super máquina e me deixou no dormitório dos atletas de base do Verdão.
Minha presença casou curiosidade na rapaziada. Eu dividi um quarto com um rapaz chamado Eduardo, conhecido como Duda. No dia seguinte, domingo, ele entraria no gramado do Pacaembu ao meu lado. Sua camisa era a dez, com a faixa de capitão no antebraço. A minha trinta e nove.
Havia em mim esperança de jogar apenas um tempo do segundo turno, mas na preleção no vestiário, minutos antes de atravessarmos o túnel de acesso ao campo, fui escalado como titular, para decepção do Gustinho, até então o dono da camisa nove. Ele vinha fazendo uma tímida temporada. O técnico, Tarcísio Amaral, decidiu inovar e quem sabe surpreender a equipe adversária. Minha postura durante a preleção foi fundamental para eu iniciar jogando.
Duda me apresentou para os demais jogadores. O técnico estava no banheiro fazendo xixi. Gustinho parecia nervoso. Quando o cumprimentei apertando a sua mão, senti que ele tremia. Minutos depois ele saiu da roda e foi ao banheiro esvaziar a bexiga. Na verdade, ele foi chorar longe dos nossos olhares.
Tiquinho, o lateral esquerdo comentou baixinho. “Meu, o Gustinho está sem condições de jogar. Ele vem numa sequência péssima de atuação. E contra a defesa do Corinthians, a defesa menos vazada do campeonato, ele não terá chance alguma. Ele tá se borrando.” O comentário de Tiquinho foi sincero, e seu efeito foi negativo para toda a equipe. Agora o medo se instalou na mente ansiosa de todos. O técnico se aproximou. “Abram a roda. Cadê o Gustinho? Ah, lá vem ele. Rápido, sua tartaruga. Temos menos de dez minutos.”
Quando Gustinho se juntou à roda a equipe sentiu o baque. Seus olhos vermelhos e úmidos denunciavam seu desiquilíbrio psicológico para aquela partida de vida ou morte. Perder o campeonato era aceitável. Para o Corinthians, nunca. A galera toda ficou com dó do centroavante, mas o técnico Tarcísio agiu com firmeza e franqueza quando falou com o Gustinho.
“Você, Gustinho, tem um potencial incrível. Mas olha a sua situação? Você vem num declínio inesperado. Doze jogos e nenhum gol. É um milagre quando acerta um passe. Você precisa se encontrar. Você é brilhante. Está se boicotando? Vou sacar você dessa partida. E segunda-feira levarei você pessoalmente ao nosso centro de Psicologia. Quero ver você voar como em 1999. Não estou tirando você do time, estou te poupando e também o seu futuro. Uma péssima autuação contra nosso maior rival vai arrebentar com a sua carreira. Não me leve a mal. Você não constará nem como reserva, mas pode assistir com a gente lá.” Gustinho concordou com a decisão, e permanecia chorando. Tarcisio me chamou.
“Oh, Ferroviária, aqueça essas perninhas, você estreia hoje. Não vi você jogando. Qual seu ponto forte?” Os atletas aguardaram em silêncio eu responder. “Eu domino a bola muito bem. Gosto de jogar infiltrado no meio dos zagueiros. Lancem a bola pra mim. Não importa se ela vai chegar redonda ou quadrada. A ponta da minha chuteira conserta tudo. Confiem em mim. Eu vejo bons jogadores aqui comigo. Não temos que temer o adversário. Se eles são realmente bons, nossa vitória será muito mais valiosa. Bora jogar!” A equipe toda soltou um feroz hino de guerra. Tiquinho me alertou. “Cuidado com o Nelsão, o zagueiro forte dos gambás. Ele é rápido e se antecipa bem. Sem contar que chega com tudo.”
Pisamos no gramado, diante de uma arquibancada lotada, Tiquinho me mostrou o famigerado Nelsão, que fazia alongamentos perto da meia lua da grande área do seu time. Percebi que os jogadores adversários me olhavam com curiosidade. Nunca me viram na frente. Nelsão lá atrás chamou minha atenção com um assobio. Quando nossos olhares se cruzaram, ele sorriu e com a mão imitando uma faca cortando o seu pescoço, encenou me degolar.
O juiz ia apitar o início da partida, eu pedi que esperasse um minutinho. “Vou cumprimentar um amigo”. Corri entre os jogadores do Corinthians até o Nelsão. “Prazer, Heitor. Hoje tem baile e vou tirar você para dançar.” Nelsão sorriu. Retornei para o centro do gramado. Coube a mim dar o primeiro toque na bola, com o tradicional passe para o médio volante. Duda era o maestro do meio de campo. Cabia a ele me acionar no ataque. Ele era craque. E o jogo só estava começando.
Os primeiros quinze minutos da partida foram truncados. As equipes se estudavam. Em minhas primeiras disputas de bola com Nelsão ele me desarmou facilmente. De fato, sua rapidez e inteligência de jogada davam-lhe uma incrível habilidade de antecipação. Meus fracassos iniciais me ensinaram os padrões comportamentais do zagueiro. Duda começou a dominar o meio de campo com uma desenvoltura invejável. Nossa zaga se movimentava com inteligência, uma verdadeira muralha impenetrável para os ligeiros atacantes do Corinthians. E aos vinte e cinco minutos, eu surpreendi o Nelsão.
Duda recebeu a bola um pouco antes do círculo central, driblou três adversários num espaço de dois metros, levantou a cabeça e me encontrou posicionado na meia lua do campo inimigo. Nelsão colou em mim, bloqueando-me com seu corpo de quase dois metros de altura. Nas três vezes em que perdi a disputa de bola para ele, eu dominara a redonda no peito e ele esticava a perna e com o bico da chuteira roubava a minha posse de bola.
O camisa 10 alviverde lançou com a perfeição do Ademir da Guia, Nelsão se agitou, posicionou o corpo parcialmente ao meu lado. Seu objetivo era novamente cutucar a bola assim que eu a dominasse. Pela trajetória da redonda no ar, que girava em rotação, calculei que ela cairia uns trinta centímetros a minha frente. Bastava esticar a perna e dominá-la, um lance fácil, mas o bico da chuteira do zagueiro já armaria o bote da cascavel.
Contudo, eu já manjei a do Nelsão, ele esperava esse meu movimento, como nos lances anteriores. Fingi que ia dominar, estiquei minha perna direita, contudo, deixei ela atingir o gramado, girei rápido e sai nas costas do Nelsão. A bola quicou e passou por cima dele, recebia-a delicada no meu peito, o goleiro saiu desesperado do gol, e abri o placar com todo o meu talento, um toquinho por baixo da bola que balançou a rede no fundo do gol. Corri buscar a pelota, fingi me enroscar na rede para delírio da torcida alviverde. Meu teatrinho me rendeu um chega pra lá do goleiro, mas não larguei a bola, levando-a ao centro do campo para o reinício da partida.
Passei pelo Nelson, que se encontrava deitodo na entrada da grande área, cabisbaixo, tentando entender a minha mágica. Cutuquei-o pelo ombro e ofereci a minha mão para levantá-lo. Ele, sorrindo, agarrou o meu pulso e ficou em pé. Já no meio de campo, meus companheiros de equipe me festejaram efusivamente. “Aqui é Heitor, caralho!”
A partida reiniciou. Duda naquele momento em diante reinava soberano o meio de campo, com sua canhota habilidosa. Meu time passou a trocar passe, e fizemos a equipe dos gambás de bobinho, até o encerramento do primeiro tempo, mas antes do juiz apitar, voltei a fazer mais um gol, agora de cabeça, após um escanteio batido por Duda. Superei Nelsão no impulso e cabeciei a bola com a força de um chute, acertando o ninho da coruja, aos quarenta e quatro minutos.
No intervalo, nosso vestiário viveu um clima de conquista de campeonato. O técnico e todos os jogadores me elogiaram. “Agradeçam a canhota mágica do Duda. Nunca recebi lançamentos tão perfeitos.” Gustinho, até então calado, resolveu falar. “Acho que perdi a minha posição de titular.” Ele realmente estava melancólico. Acalentei a sua alma. “Estou apenas honrando a sua posição, Gustinho. Você ouviu o que o técnico te falou. Você é fera, você é craque. Precisa voltar a acreditar em você. Vamos fazer muitos gols juntos, pode ter certeza.” Gustinho se aproximou e me deu um forte abraço. “Você é um bom amigo. Marca mais um e deixa seu hat-trick para a história.”
O segundo tempo foi quente e cheio de gols. Os gambas voltaram determinados, acreditavam numa virada. Contudo, logo nos primeiros minutos Duda jogou uma pá de cau na esperança deles. Saiu em disparada do meio de campo, deixando os adversários caídos no chão. Seus elásticos eram invencíveis. Deus dois deles e se desvencilhou de alguns marcadores, passeou livre pela intermediária adversária. Nelsão foi para cima do camisa dez alviverde, este, como um maestro, girou o corpo em cento oitenta graus, bola colada na sua canhota, Nelsão ficou no vácuo, desnorteado a ponto de tropeçar na linha de cal; sua cara afundou na grama. O último zagueiro sobrevivente, nem viu o Duda, tomou uma lambreta implacável, e nosso meia esquerda, sozinho, cara a cara com o goleiro corinthiano ,na altura da marca do pênalti, chutou no contra pé, visando o canto direito do gol, mas a bola caprichosamente atingiu a base da trave direita. Eu, que a todo tempo acompanhava a espetacular disparada do Duda, aproveitei o rebote, afundando a rede com um chutaço de bate-pronto. Três a zero. Três gols meus, na sequência. Hat-trick, aos vinte e seis minutos do segundo tempo. Corri até o banco de reservas abraçar o Gustinho. “Esse foi para você”.
Partida reiniciada. Voltei a marcar mais um gol aos trinta minutos. Tiquinho foi acionado por Duda na lateral direita, no ataque. Fizeram uma tabelinha, um, dois, três. Tiquinho ganhou o fundo de campo, cruzando com perfeição para o meio da área. Peguei de chapa de pé a bola, sem chance para o goleiro do Corinthians. Quatro a zero para o Palmeiras. Duda comia a bola, em todas os lances de gol me assistiu ou participou com sua genialidade.
A moral dos jogadores Corinthians se evaporou. O nosso domínio era completo. Voltei a agitar os números do placar eletrônico. Cinco a zero aos trinta e oito minutos. Um gol de placa, o gol mais bonito da minha curta vida de jogador, que se encerraria naquela tarde. Duda cruzou da ponta esquerda, a bola veio alta. Eu me atrapalhei um pouco e me vi impossibilitado de dominá-la e ter tempo de virar e executar o chute. Só me restou tentar a jogada mais difícil do futebol. Da marca do pênalti eu arrisquei uma bicicleta. Meu movimento foi perfeito. Acertei a bola em cheio e quando minhas costas tocaram o gramado eu ouvi a torcida comemorando o gol. Um belíssimo gol de bicicleta.
Uma alegria imensa me envolveu. De repente comecei a dançar. Dancei até chegar ao centro do gramado, como uma criança. Com as mãos levantadas para o céu, eu imaginava meu pai me vendo, todo feliz, aos lados das almas mais puras dko Éden.
Eu não quis desrespeitar os jogadores do Corinthians, mas eles ficaram furiosos. O técnico deles chamou o Nelsão na beira do gramado. Cochichou alguma orientação. Reiniciou-se a partida. Eu vi tudo, porém, eu estava feliz demais para pensar alguma maldade sobre as determinações dadas ao zagueiro que me marcava. Eu só pensava no meu velho.
Aos quarenta e dois minutos o Nelsão destruiu minha promissora carreira de jogador. Acertou-me violentamente com um carrinho, mantendo suas pernas altas e as chuteiras mostrando os dentes. Acertou em cheio o meu joelho, o barulho do impacto pode ser ouvido mesmo com a empolgação ruidosa da torcida. A rótula saltou carne agora, ficando exposta. Sai de maca do campo. A parte do gramado, por onde a equipe médica caminhou me carregando, ficou manchada de vermelho. Eu sangrei muito.
Enquanto eu me contorcia no gramado até ser retirado do campo pelos maqueiros, as duas torcidas se uniram em coro para me homenagear. “Heitor, o rei da grande área. Heitor, o rei da grande área.” Acabava ali a minha vida de jogador de futebol. Passei por várias cirurgias, mas nunca mais recuperei a plena coordenação motora da perna direita. Nunca mais eu iria disparar numa explosiva velocidade pelo campo do adversário.
Nelsão, era um excelente zagueiro, mas aquela jogada desleal lhe custou também a carreira de atleta. Aos poucos a imagem de violento e cruel colou nele. Seu nome passou a ser sinônimo de zagueiro violento. Foi descartado do Corinthians, desprezado pelos outros grandes times. Jogou uma temporada na série 3 do Paulista, contudo, não superou o seu inesperado destino. Abandonou o futebol para sempre. Queria apagar o apelido de Nelsão, esquecer a trágica tarde do Pacaembu.
Meu algoz, o Nelsão, escreveu uma carta pedindo perdão. Eu o perdoei, mas não respondi a sua correspondência.
O tempo passou. Era 2002, ano de Copa do Mundo. Eu e o Nelson enfim nos vimos cara a cara. Coincidentemente, ambos trabalhávamos na mesma empresa, uma construtora que atuava no ramo de pavimentação asfáltica. Eu era Ajudante geral, lidava com pedras e piche. Nelson operava o Rolo Compactador de Asfalto. Viramos amigos, superamos nossas derrotas, erros e fracassos. Assistimos juntos a todos os jogos da seleção brasileira, que se sagrou vencedora.
Não esqueço o que Nelsão me disse durante a final da copa de 2002, disputada por Brasil e Alemanha: “Se eu não tivesse cumprido a ordem daquele técnico filho da puta, que com certeza arde no inferno hoje, eu e você estaríamos jogando essa copa. Eu era muito melhor que o Roque Júnior e o Luizão não serve para beijar o seu pé, Heitor.”
Nossos olhos se encheram de lágrimas, mas ficamos em silêncio. Logo explodimos de alegria quando a seleção conquistou a copa.
Quanto ao Lucão, nunca mais o vi, nem sua Lamborghini preta, muito menos suas correntes grossas de ouro.
Duda, foi para a Europa, e conquistou fama e dinheiro. O moleque fez por merecer. Aquele lançamento do meu primeiro gol no Pacaembu, nunca mais esqueço a trajetória perfeita da bola. O sorte sorriu para o maestro. Gustinho se firmou, mas não chegou a vingar no exterior. Foi um jogador regular, atuou em dezenas de times grandes do Brasil. Tiquinho também teve a mesma jornada do Gustinho. O importante é que a gente sempre se encontra. Tiquinho nunca perdoou o Nelsão.
Com o tempo, eu retornei aos estudos. Conclui o ensino médio e depois ingressei no curso de Engenharia Civil. O resto da história eu já contei.
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