Quando a história não supera nossas expectativas... - Recicla Leitores
Sabe quando te dizem para não criar expectativas sobre qualquer coisa, pois o risco de se decepcionar é ainda maior? Pois bem, creio que pelo menos uma vez na vida o “leitor raiz” irá passar por essa situação. Ah, se vai!!!
Então, tenho um carinho imenso pelos livros “O Caçador de Pipas” e “A Cidade do Sol“. Aliás, se eu fizesse uma lista com meus preferidos (amo listas rsrs) com certeza esses dois primores do Khaled Hosseini estariam nesse rol.
Pois bem, foi justamente aí que vieram o excesso de expectativa em torno de “O Silêncio das Montanhas”, o outro livro do autor. Não, meus caros… a história não é ruim. Mas, para mim, está bem longe de ser “aquilo tudo” que esperava.
A história parte da premissa da separação entre os irmãos Pari e Abdullah. Novamente, o autor aborda com tamanha inteligência e riqueza de detalhes a situação da vida no Afeganistão. Ah, e embora o enredo principal da história se passa há msis de cinquenta anos, percebemos o quão atual é a narrativa de Hosseini. Se fizermos uma breve pesquisa na internet, veremos que a trajetória de Abdullah e Pari é mais comum atualmente do que possamos imaginar.
O interessante dessa história é que Khaled Hosseini traz uma narrativa não linear dos fatos, sendo que em seus nove capítulos, “O Silêncio das Montanhas” é narrado a partir da ótica de um personagem e que, em algum momento, a história dele se interliga, direta ou indiretamente aos irmãos que foram separados no início. Achei essa forma de narrativa sensacional. Está aí um dos pontos altos dessa obra. Gosto de textos que saem do convencional.
Embora tenha achado essa forma de desenvolver sua história um dos pontos altos, creio que Hosseini poderia ter abordado ainda mais a relação de cumplicidade entre Abidullah e Pari. Sei lá, sabe quando o drama do personagem não te cativa como deveria? Então, é isso que me incomoda no livro. Como disse, cada capítulo é narrado por um personagem mas dentro desses capítulos aparecem tantas outras pessoas que em certos momentos o leitor pode se sentir perdido em meio a “tanta gente”.
Sério, é até complicado escrever sobre isso, pois se não tomar cuidado é perigoso até dar spoiler sobre algum acontecimento importante. Mas sim, tem muito personagem na história e alguns deles acabam “roubando” o protagonismo dos irmãos. Ah, e outros personagens foram tão maçantes para mim, que volte-e-meia me questionava se, de fato, essa pessoa agregaria algo a história, afinal. (Juro que a vontade de citar os nomes desses personagens é grande, mas daí seria spoiler, né? Melhor não rsrs)
Bom, que fique bem claro: Gente, o livro não é ruim, ok? A situação aqui é: Tem excesso de personagens e de situações. Se o autor tivesse dado maior ênfase nos protagonistas, talvez teria sido o melhor livro desse autor. Mas, enfim… não foi!! Ah, e essa opinião não é exclusiva da pessoa aqui, viu? Se você der uma pesquisada nas opiniões de outros leitores, verá que boa parte do público entendeu dessa forma.
Se você leu “O Caçador de Pipas ” e “A Cidade do Sol ” leia também “O Silêncio das Montanhas” para tirar suas próprias conclusões. A leitura pode não ter sido essa maravilha toda comigo e outros leitores, mas pode ser que com você seja o máximo. Livro é assim mesmo. As vezes funciona com um e não funciona com os outros, né?
Agora, se você nunca leu nada do autor, comece por esse. A saga de Abdullah e Pari não é ruim, mas é bem aquém das outras. Então, se nunca leu nada de Hosseini não sentirá grande impacto fora que, muito provavelmente sentirá aguçado em ler os outros dois livros dele que já citei aqui. O importante é dar uma chance a leitura. Hosseini tem uma forma única de tocar no emocional do leitor.
“Porque damos as costas à realidade quando ela se torna dura demais para aguentar?”
Khaled Hosseini – O Silêncio das Montanhas